AUXÍLIO 01- Bullying: o desafio de pensar biblicamente sobre um “fenômeno atual”
Se você está em contato com crianças em idade escolar e com
adolescentes, certamente já ouviu falar em bullying. A palavra bullying vem da
língua inglesa e significa ameaçar, amedrontar ou intimidar. O termo tornou-se
bastante divulgado e usado ao redor do mundo como identificação de um conjunto
de atitudes e práticas agressivas e intencionais, adotadas repetidamente por
uma criança ou um adolescente — ou um grupo — contra outro que não tem
condições de defesa. A prática vem muitas vezes em forma mascarada de
“brincadeira”, provendo diversão às custas da vítima, com um prazer perverso.
Não existe uma palavra única na língua portuguesa para
expressar o bullying. A imagem ao lado traz várias atitudes e práticas que
estão presentes no bullying e podem torná-lo compreensível para nós.
O tamanho estimado do problema, segundo uma pesquisa realizada
pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor
(Ceats) e relatada na Folha de S. Paulo em 21 de março de 2010, é
impressionante: 70% dos alunos afirmam que viram, pelo menos uma vez, um colega
sofrer algum tipo de agressão dentro da escola; 9% viram alunos serem atacados
várias vezes numa única semana; 10% garantem que testemunham diariamente esse
tipo de cena. O mesmo se pode dizer do tamanho estimado da consequência: 43%
dos alunos se sentem angustiados no ambiente escolar; 36% sentem medo com certa
frequência; 10% estão sempre com medo.
Uma forma crecente de bullying é o cyberbullying – o
bullying por meio de comunidades virtuais, blogs, redes sociais e também
mensagens em celulares. Um em cada seis estudantes brasileiros do ensino
fundamental já foi alvo de bullying no mundo virtual.Aqueles que são alvo das
agressões são geralmente escolhidos por fugirem dos padrões comuns à turma – o
gordinho ou o magricela, o calado, o estudioso, o recém-chegado, entre outros.
Os meninos estão mais envolvidos com o bullying violento, tanto como autores
quanto como alvos. Já entre as meninas, o bullying também ocorre, mas costuma
se caracterizar como prática de exclusão ou difamação.
A prevenção é uma necessidade, tanto por meio de informação
e de medidas práticas como por meio da formação bíblica dos mais jovens. Pais e
educadores precisam acompanhar de perto as crianças e os adolescentes, e estar
atentos aos sinais de mudança de comportamento.
O diálogo com os mais jovens favorece a identificação de possíveis
manifestações de bullying, abre oportunidade para que tanto a vítima como as
testemunhas ganhem coragem de relatar o que está acontecendo, e cria um ponto
de contato para transmitir a verdade bíblica.
O termo bullying não está na Biblia. Mas isso não quer dizer
que a Bíblia não se dirige significativamente a esta expressão da nossa
cultura. Considere os dados da pesquisa
feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e
Adolescência (Abrapia) sobre os tipos de bullying mais frequentes:
Apelidar: 54,2% –
Agredir: 16,1% – Difamar: 11,8% – Ameaçar: 8,5% – Pegar pertences: 4,7%.
A Bíblia dirige-se a cada um destes aspectos. E a Bíblia vai
além: ela tem palavras de consolo e fortalecimento para o sofredor, caminhos de
verdadeira transformação em Cristo para o agressor, palavras de incentivo para
o pacificador. Você e eu temos a oportunidade
de penetrar na vida destas pessoas por meio de um relacionamento de amor.
Podemos identificar os problemas usando a nomenclatura que Deus usa e aplicar
as verdades das Escrituras.
Encontramos na Bíblia inúmeras ilustrações e ensinos sobre
ira, conflito e discriminação, e também a solução para tais problemas. Quando a
Bíblia menciona algo com tanta frequência, podemos esperar que seja uma luta
universal. O bullying não é novidade! Os pecados relacionados com conflito
interpessoal ocupam boa parte das listas compiladas pelo Apóstolo Paulo em
passagens como Romanos 1.29-31, 2 Coríntios 12.20, Gálatas 5.19-21, Efésios
4.31, Colossenses 3.8 e 2 Timóteo 3.2-4. E a solução: “Todavia, não foi isso
que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram
ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de
viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por
desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo
homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes
da verdade” (Ef 4.20-24).
Qual tem sido a sua reação diante do que temos presenciado
em nossos dias com as crianças e os adolescentes na escola, na vizinhança e até
mesmo na igreja? Não podemos ficar calados e nada fazer. Como desenvolver uma
estratégia para prevenir o bullying entre crianças e adolescentes? Como
aconselhar? Somos chamados a ser bons observadores da nossa cultura e a pensar
biblicamente sobre os componentes do “fenômeno bullying“, buscar e sistematizar
o ensino bíblico, traçar uma estratégia de atuacão e ministrar com
sensibilidade e amor aos três grupos:
– os praticantes do bullying — crianças ou adolescentes com
comportamento violento, a caminho de se firmarem como adultos agressivos;
– as vítimas de bulllying — crianças ou adolescentes que
sofrem e podem ter problemas significativos no relacionamento com Deus, consigo
mesmas e com outros, e
– as testemunhas do bullying — todos aqueles que, como nós,
são parte de uma cultura em que este comportamento tem se tornado cada vez mais
comum e gerado as mais diversas reações, da frustração à indiferença, da
revolta ao medo.
Temos trabalho a fazer: debruçarmo-nos cuidadosamente sobre
a Palavra, não na busca frustrada de um versículo que mencione o bullying, mas
com a disposição de aprender a pensar sobre os “fenômenos de nossos dias” com
base em princípios bíblicos e construir uma teologia prática que atenda às
necessidades atuais. Cristo e Sua Palavra são suficientes para transformar
integralmente as vidas marcadas pelo bullying!
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