Quem faz
parte da igreja local? Pode ser qualquer pessoa? Será que só frequentar
os cultos significa fazer parte da igreja local?
O texto de Atos 2.36-47 nos ajudará a
responder essas perguntas. É a conclusão do sermão de Pedro, no dia de
pentecostes, na vinda do Espírito Santo. Leia o texto com atenção, e
numa segunda leitura, tente sublinhar quais as características das
pessoas que fizeram parte da igreja local daqueles dias.
A igreja local é composta por pessoas
que se arrependeram de seus pecados e aceitaram o evangelho do Senhor
Jesus. O versículo 38 deixa isso claro ao mostrar a recomendação de
Pedro aos irmãos que ouviram a mensagem do Evangelho, anteriormente
exposto, por ele: “arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em
nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados”. Outros textos
confirmam a necessidade de arrependimento e fé para fazer parte da
Igreja e da igreja local, como o de Marcos 1.15: “O tempo é chegado”,
dizia ele. “O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas
boas novas!”. Paulo enfatiza a importancia de crer: “Se trabalhamos e
lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo, o
Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem” (1 Timóteo
4:10).
A igreja local é composta por pessoas
que receberam o dom do Espirito Santo e o perdão de Jesus. O versículo
38 apresenta que a finalidade do arrependimento e fé é nos levar ao
perdão dos pecados e a doação do dom do Espirito Santo. Tanto o perdão
divino do pecado original, quanto o dom do Espirito são lados da mesma
moeda. São experiências iniciais da salvação em Cristo que acontecem
simultaneamente. Até poderíamos dizer que a igreja local é composta de
pessoas salvas ou regeneradas.
O livro de Romanos nos fornece uma base
sólida para ampliarmos esse conceito de salvação. “Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”
(Romanos 5:1). E, “portanto, agora já não há condenação para os que
estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).
O termo que Paulo usa para descrever os
aspectos iniciais da salvação é justificação. Era um termo comum na
época, vinculado as instituições forenses. Era declarado justo aquele
que não tinha culpa. Imagine quando uma pessoa é declarada inocente num
julgamento, que alegria! Nós, porem, fomos declarados justos no
julgamento eterno de Deus, mesmo sendo passíveis de condenação. Pois,
mediante a salvação que Jesus efetuou na cruz, nós fomos declarados
livres por Deus. Essa justificação só é possível por causa do sacrifício
de Cristo em nosso lugar. Uma vez justificados, não ha condenação para
nós. Fomos libertos do pecado e da morte. Como Deus é bom! Nesta altura
de seu estudo talvez você queira agradecer a Deus por ter liberto você
do pecado e da morte e ter dado tão grande salvação gratuitamente.
A igreja local é composta por pessoas
que se submetem ao batismo nas águas. Pedro exorta seus ouvintes a se
arrependerem e demonstrarem sua fé em Jesus através do batismo (At
2:38). É provável que nos primeiros dias do cristianismo, eles
batizassem pessoas usando a fórmula “em nome de Jesus”. Porque devido a
proximidade que existia entre o judaísmo e o cristianismo incipiente, a
única coisa que deveria ser acrescida na vida dos judeus que criam em
Jesus era o batismo. Porem, poucos anos mais tarde, a Igreja reconheceu a
fórmula batismal em nome da Trindade divina, que é a que vemos em
Mateus 28.19. Cremos que o batismo não salva - salvação é dadiva divina
ao que crê nEle, mas Ele é parte natural das nossas decisões ao lado de
Cristo, para expressar simbolicamente o que cremos de fato.
A igreja local é composta por pessoas
que perseveram na doutrina dos apóstolos. É isso que afirma o versículo
42 do capitulo 2 de Atos: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à
comunhão, ao partir do pão e às orações”. Esta é uma afirmação
surpreendente. Talvez até estranha para alguns. John Stott leva ela em
grande conta dizendo que “a igreja viva é uma igreja que está
aprendendo, uma comunidade que estuda” (STOTT, 2005, p.8). Stott compara
que no Pentecostes o Espirito abriu uma escola para Seu povo. Os
mestres eram os apóstolos, a quem Jesus tinha treinado pessoalmente. Os
estudantes eram cerca de 3000 salvos. Na verdade, espiritualmente
falando, era o jardim de infância. Estavam no começo da jornada de
aprendizado da fé cristã. “Esses recém-nascidos na fé, convertidos e
cheios do Espirito Santo, não estavam dedicados a desfrutar de uma
experiência mística que os fizera esquecer o que criam ou de arrazoar
sobre isso” [...] “perseveravam na doutrina dos apóstolos e queriam
aprender tudo o que fosse possível. Tinham fome da verdade e queriam
sentar-se aos pés dos apóstolos e absorver seus ensinamentos” (STOTT,
2005, p.8).
Estamos longe de dizer que o cristianismo se limita ao intelectualismo.
Ao contrário, uma igreja local cheia do Espirito é incompatível com
intelectualismo, mas também não se satisfaz apenas com as experiências
estáticas que acontecem vez ou outra na caminhada com Cristo. Nisto,
devemos buscar crescer sempre: uma vez salvo, haverá em você uma vontade
diferenciada em aprender a doutrina bíblica, que é a revelação de Deus.
Joshua Harris diz algo interessante
sobre a idéia de que você deve se aprofundar nos estudos das Escrituras:
“Sei que a idéia de estudar sobre Deus afeta as pessoas de modo errado.
Parece fria e retórica, como se Deus fosse um cadáver de um sapo a ser
dissecado em um laboratório ou um conjunto de idéias que memorizamos
como provas de matemática. No entanto, o estudo de Deus não deve ter
esta conotação. Você pode estudá-lo como estuda um pôr-do-sol que o
deixa sem palavras. Pode estudá-lo como um homem estuda a pessoa que ele
ama apaixonadamente”.
A igreja local é composta por pessoas
que se reúnem para adorar a Deus e celebrar o Evangelho. Nosso texto,
nos versículos 42, 46 e 47 deixa claro que a adoração e o louvor era
parte integrante do cotidiano da igreja local. Assim deve ser com você e
com todos nós que formamos a igreja local de Cristo. O livro de Salmos
possui uma serie de convites para o povo de Deus celebrar o Senhor. Pois
Ele é digno de toda honra, glória e louvor!
Os profetas de Deus também nos convidam a
celebrar o Senhor da glória. “O Senhor dos Exércitos é que vocês devem
considerar santo, a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem
ter pavor” (Is 8.13). “O Senhor , porém, está em seu santo templo;
diante dele fique em silêncio toda a terra” (Hc 2.20). Stott ressalta
que a adoração a Deus pode ser formal ou informal. Podemos adorar tanto
nas casas quanto no templo. Cada tipo de adoração tem seu lugar próprio e
espaço no Corpo de Cristo. A igreja local é composta por pessoas que
assumem publicamente compromissos com outros cristãos, formando
relacionamentos e vínculos mútuos. “Os que criam mantinham-se unidos e
tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a
cada um conforme a sua necessidade” (At 2:44,45). Os vínculos fraternais
que a igreja local de Jerusalem tinha é descrito no grego bíblico pela
palavra koinonia (“aquilo que temos em comum”) e compartilhamos juntos
como discípulos de Jesus. Primeiro, compartilhamos a graça de Deus.
Segundo, compartilhamos o que temos, normalmente, tais ofertas são
generosas. Terceiro, compartilhamos o amor através do serviço abnegado
ao próximo.
A igreja local é composta por pessoas
que realizam uma evangelização continua. Já estudamos que o propósito da
igreja é anunciar as maravilhas de Deus. Isso é evangelizar. Alguns
pensam que para evangelizar é preciso ter curso formal de teologia. Nada
disso! Todos que foram salvos podem e devem evangelizar. Lucas, o
escritor do livro de Atos, nos informa que: “o Senhor lhes acrescentava
diariamente os que iam sendo salvos”. Aqui podemos aprender algumas
lições sobre a evangelização, que deve ser uma característica de todo
membro da igreja local: (a) Jesus é quem salva e incorpora os novos
membros na Igreja; (b) Jesus delega aos ministros da igreja local a
tarefa de admitir crentes pelo batismo; (c) O testemunho cotidiano e o
amor incessante são os meios de Deus alcançar pessoas;
Poderíamos resumir os requisitos para
compor uma igreja local da seguinte forma: “um coração regenerado, uma
confissão de fé verossímil, o batismo voluntário em obediência a Cristo e
uma vida cristã exemplar” (HAYES, 2002, p.126).
Querido amigo: Como você tem vivenciado e
obedecido a este “pertencer” a uma igreja local de Jesus Cristo? Quais
dos requisitos acima ainda faltam em sua jornada de fé? O que você deve
fazer para efetivar estes valores em sua vida? Existem obstáculos para
que isso aconteça? Quais? Hoje é o dia de depor esses obstáculos aos pés
de Cristo e vir a pertencer a esta igreja local.
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