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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

REVISTA N°9- LIÇÃO 12- A RELEVÂNCIA DA IGREJA

IGREJAS EM BUSCA DE RELEVÂNCIA

Por Isaltino G. C. Filho 

Auxilio 01


INTRODUÇÃO

Igrejas em busca de relevância se tornou uma preocupação na mente de tanta gente que dá vontade de perguntar: como elas sobreviveram até hoje, num mundo tão competitivo, sendo irrelevantes? Numa sociedade secularizada e massificada por valores contrários aos das igrejas, como elas ainda existem, crescem e ainda preocupam tanta gente que se sente incomodada com elas? Parece que igreja é o negócio mais irrelevante do mundo e que alguns descobriram agora como torná-la relevantes, funcionais e interessantes.
Não creio que a questão por trás de tudo seja relevância ou sua ausência. Há outras mais. Pretendo mostrar isto neste trabalho. E também mostrar que esta preocupação não tem sentido.


1. DEFININDO TERMOS

A  questão se torna mais aguda quando tentamos entender o que se quer dizer com isso.  Porque relevância não é contemporaneidade. É importância. Neste sentido, se quer se dizer que a mensagem da igreja não é contemporânea, é verdade. Mas é importante. Porque importância não é contemporaneidade, mas ter valor ainda hoje. Quem queira  dizer que sua mensagem não tem importância hoje não aborda mais a questão de forma ou de modelo, mas nega a essência de sua pregação.
Exemplifico para mostrar que relevância e contemporaneidade não são a mesma coisa. Big Brother Brasil é contemporâneo, mas é irrelevante. A medicina, como ciência, não é contemporânea, mas é relevante. A questão me soa mais como um desejo de tornar a igreja contemporânea no mesmo nível e prática de certos eventos que foram assim definidos pela cultura prevalecente.  Nossa cultura parece ter voltado ao primitivismo. As pessoas se comunicam mais com o corpo que com a cognição. A cultura do sacolejo, por exemplo, nos produziu algo curioso: a qualquer momento que ligarmos a televisão veremos um grupo musical se sacudindo. Pode ser de baixa qualidade musical, mas se sacoleja, e é exótico, então é contemporâneo. A letra pode ser paupérrima, mas se está envolta em sacolejo, é contemporânea. Isto foi definido como o correto. Tal mentalidade migrou para o eclesiástico. Tudo que é igreja tem um grupo de louvor. Alguns, e tenho visto nas minhas andanças pelo Brasil, de baixíssima qualidade musical. Mas é contemporâneo. Um coral ou um quarteto pode ter excelente qualidade musical, mas é ultrapassado. Como resultado, digo sem titubeio e sem exagero: a qualidade musical de nossos cultos caiu muito, nos últimos anos. É medíocre. Ruim mesmo.
Que relevância querem impor à igreja? Relevância não é quantificável. Nos termos em que está sendo disposta é questão de opinião. Por isso levanto a questão: o que é relevância e por que a igreja deve ter o que chamam de relevância?

2. O X DA QUESTÃO: DE QUE ESTÁ SE FALANDO?

Deu para entender que a questão é esta: de que estão falando? O que querem impingir à igreja? Comecemos pela definição de igreja. Evitarei definição formal e rebuscada. Ela é agência do Reino de Deus. É o aspecto visível do Reino invisível. Sua missão é anunciar Jesus Cristo como Senhor sobre todos os homens. Neste sentido ela é relevante. Ela anuncia a mais importante mensagem que o mundo precisa ouvir. Se o faz adequadamente, se alguns de seus setores se desviam desta linha, é outra questão. O que interessa é isto: como instituição e com a mensagem que tem, a igreja é relevante ou não? Não é se gostamos dela ou não, mas se o evento teológico chamado igreja é relevante ou não. E se seu tema é relevante ou não.
Muita gente tem analisado a igreja por um ângulo secular. Quando morei em Brasília fui o pastor organizador da Igreja Batista da Quadra 02, em Sobradinho. Foi um dos momentos mais agradáveis no meu ministério. A Quadra 02 é um dos meus xodós. Fui seu organizador e primeiro pastor. Foi em 23 de abril de 1988. No dia 25 fui à sede da TERRACAP para ver se havia algum lote disponível, na Quadra 02, para igreja. Fomos organizados em uma escola. O representante da TERRACAP me disse que não havia interesse em vender área para  igrejas porque elas subutilizam a propriedade, com reuniões apenas às quartas e domingos. Suas áreas não tinham função social. Como terreno em Brasília era raro (e depois houve tantas invasões de luxo que foram toleradas!) isto não era interessante. Perguntei-lhe por que havia estádios de futebol em Brasília, se lá não havia futebol. Qual era a função social dos estádios de futebol, inclusive o do Sobradinho, onde aconteciam jogos com dez pagantes. Talvez alguns parentes de alguns jogadores.  Qual era a função social dos botequins? Quem mais ajudava as pessoas, no sentido de prepará-las para vida, a igreja ou o boteco?
Relevância não se quantifica. Não se mede por quilômetros ou reais conseguidos. Como a mensagem da igreja é espiritual e apela para o espírito do homem (que não se quantifica nem se mede) ela é vista como irrelevante. Mesmo que uma pessoa depravada seja tornada em santa. Mesmo que um criminoso seja regenerado. Mesmo que um drogado se levante ou uma prostituta se torne uma mãe extremosa. Tudo isso são valores não quantificáveis nem mensuráveis. A sociedade valoriza pela quantidade e pelo movimento. Não nos iludamos com isto.
O mundo não pode avaliar o que foi uma alma consolada num culto. As pessoas não ficam sabendo que alguém entrou num culto pensando em suicídio, mas ali foi alcançado pela graça de Deus e saiu com novo ânimo para a vida. Relevância da igreja, para alguns, só acontece se houver um curso de artesanato, um prato de sopa dado a alguém, uma muda de roupa velha dada a outrem, um corte de cabelo feito num mendigo. Porque estas coisas são quantificadas e mensuradas. Não me entendam mal. Essas coisas são boas e as igrejas que as realizam estão fazendo algo bom para a comunidade. São atos bons, mas qualquer organização beneficente pode fazê-los. No entanto, pregar o evangelho que coloca a vida do homem em ordem com Deus só a igreja pode fazer. Nenhuma outra  instituição pode. Esta é a relevância da igreja! Esta é sua singularidade! Esta é uma das razões pelas quais sou apaixonado por igreja. Ela é fantástica!
Quando se discute o tema “igrejas relevantes”, estamos falando mesmo de relevância ou de uma adequação da igreja a uma ótica mundana esposada por alguns, que a contemporaniza? Ela pode ser relevante sem ter essa contemporaneidade. Mas pode ser contemporânea e ser irrelevante. Pode ter artesanato, sopa e corte de cabelos, mas ser, como igreja, irrelevante. A relevância da igreja vem de sua mensagem. Se ela proclama a salvação pela fé em Cristo, ela é relevante. Se ela chama os homens a se reconciliarem com Deus por meio de Jesus ela é relevante.


3. UM EQUÍVOCO NA AVALIAÇÃO DA IGREJA

Desdobro o argumento: o equívoco está na ONGuização da igreja. Na atribuição de muitos fatores sociais a ela, fatores que não são errados, mas são acessórios e não a sua essência. No equívoco de vê-la mais como organização social, que deve preencher áreas sociais da vida não atendidas pelo poder público, que como agência proclamadora do Reino. E digo Reino nos moldes do proposto por Jesus e não como o resultado de acréscimo de coisas que puseram no termo. Há um blábláblá enorme sobre Reino no discurso teológico latino americano de esquerda. Falo de Reino como os evangelhos falam. E parece que quem não tem o acessório, mas só o fundamental,  é visto como irrelevante e pregador de evangelho descarnado.
Nada também contra as ONGs, por favor. Sei que evangélicos têm uma imensa capacidade de colocar na boca dos outros palavras que os outros não disseram (ou escreveram – apenas 24% dos brasileiros conseguem decodificar um texto). O que digo é isto: a  missão precípua de uma igreja não é prover assistência social nem lazer e entretenimento para jovens. Ou cuidar de animais de rua (eu mesmo estou me engajando em uma ONG para cuidar de animais de rua, em Macapá).  Estou usando ONG como figura pelo seu aspecto social, e pela sua estrutura, de comunas, como a igreja local. Elas têm uma utilidade pública por causa do seu escopo social.
O terreno é minado e vou andar por ele com cuidado. Mas vou andar. O noticiário político (deveria ser policial) nos mostra ONGs que foram criadas para sugar dinheiro do Estado. Trambique puro. Fiel ao seu viés marxista de ter um Estado forte que domine tudo (o Estado brasileiro quer até ensinar os pais a não darem palmadas nos filhos), o Ministro Aldo Rabelo quer menos ONG e mais Estado. O problema não são as ONGS, e sim que corruptos encontraram brechas na lei e criaram ONGs de fachada para seus fins escusos. E alguns desses corruptos fazem parte do Estado. Elas cumprem um papel extraordinário. Suprem lacunas do Estado, são mobilização popular, têm mobilidade administrativa. Elas são um fenômeno social fantástico.
Mas a igreja é diferente. Sua utilidade (se podemos usar este termo) deve ser percebida de outro ângulo. A relevância da igreja reside em ela cumprir a missão para a qual foi destinada. Eis  Atos 2.38: “Pedro respondeu: – Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo”. Eis 2Coríntios 5.20: “Portanto, estamos aqui falando em nome de Cristo, como se o próprio Deus estivesse pedindo por meio de nós. Em nome de Cristo nós pedimos a vocês que deixem que Deus os transforme de inimigos em amigos dele”.  Esta é a missão da igreja.


4. UMA PROPOSTA DE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DA IGREJA

Começo de maneira apologética. Quem transformou mais pessoas que Jesus Cristo? Quem recuperou mais vidas, ao longo da história? Quem tirou mais gente da lama?
Trabalhando com pessoas com problemas de álcool e drogas, fiquei conhecendo muito do trabalho dos Alcoólicos Anônimos. É sério e fantástico e tem ajudado muita gente. Os AA não querem entrar em competição com ninguém, sei disso. Mas, com respeito a eles, Jesus fez mais que eles para tirar pessoas do vício.
Pessoas que são regeneradas pelo poder do evangelho são novas criaturas. Se a igreja quiser ser mesmo relevante, que pregue Jesus Cristo, poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. Estamos assumindo um complexo de inferioridade em relação ao mundo, e muitos de nós não cremos mais que pregar Jesus Cristo, o poder de Deus que salva, regenera e muda para sempre é a mais importante coisa que se pode fazer. Em muitas igrejas o louvor é mais importante, e em muitos cenários a igreja é direcionada para o poder político e social. Nossa relevância vem daqui, e este é o critério correto: só o evangelho pode transformar pessoas e a sociedade. O resto são folhas de parreira para esconder os resultados do pecado.
Neste sentido, nada é mais relevante à igreja que cumprir sua missão, não a descrita pelos missiólogos, mas a estabelecida pelo Senhor Jesus, e bem descrita na Grande Comissão: “Então Jesus chegou perto deles e disse: – Deus me deu todo o poder no céu e na terra. Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28.18-20)..
Mas recordo uma palavra de A. W. Tozer: “É falsa a concepção de que a primeira missão da igreja é anunciar o evangelho. Sua primeira missão é ser espiritualmente digna de fazê-lo”.  Igrejas fracas, sem autoridade espiritual, que pregam um cristianismo folgazão e de entretenimento, divulgarão um evangelho falso. Há muita gente querendo que a igreja seja amigável. Há até um livro com este título, Igrejas amigáveis. Recordo uma frase de Haroldo Reimer: “A igreja não está no mundo para fazer relações públicas, mas para entregar um ultimato”. Ela chama os homens a deporem as armas e se renderem a Cristo. Como disse Douglas Webster: “O pecador não é um coitado, mas um rebelde de armas nas mãos contra Deus”. Ao invés de seguir George Barna, que ela siga Abraão e seja amiga de Deus.
Queremos igrejas relevantes?  Elas serão relevantes na medida exata em que compreenderem bem para que existem, qual sua missão, qual sua mensagem, e estabelecerem suas prioridades. Evangelismo e missões são suas prioridades. Se elas perderem isto, poderão ser relevantes ao mundo, mas irrelevantes para Deus.

CONCLUSÃO

Citei Abraão e vou encerrar por ele. Quando chegava numa cidade, o velho patriarca, antes de tudo, levantava um altar de pedras para Deus. Depois, para si, fazia tendas. Para Deus a prioridade e o duradouro. Para si, o secundário e o temporário. Nós construímos mansões para nós e investimos pouco em vidas. Não investimos mais em missões e evangelismo, que rendem frutos para a eternidade. Gastamos mais com patrimônio que com missões. Gastamos mais com futilidades pessoais que com o Reino.
Abraão foi relevante. Porque foi fiel à sua chamada. Igreja relevante é aquela que é fiel à sua chamada, que é pregar Jesus como Senhor, e não a que se contenta em ser trampolim para eleger políticos ou pretexto para pessoas formarem império econômico. Da mesma maneira, o pastor relevante não é que se preocupa em escrever seu nome em gás néon, mas em exaltar o nome de Jesus. É aquele cujo tema predileto não seja ele mesmo (há gente que só consegue falar de si mesma!), mas Jesus Cristo. “Eu me propus a não saber nada entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co 2.2).
Eu os desafio a serem obreiros relevantes e a formatarem igrejas relevantes. Pela ótica neotestamentária e não pela ótica do mundo.
Tenho dito. E era o que eu tinha a dizer.

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