Lucas relata que Jesus, depois de ressuscitar, reuniu seus
discípulos e falou-lhes duas coisas. A primeira foi que o Antigo
Testamento ensinava claramente que o Messias tinha de morrer e
ressuscitar. Em seguida, acrescentou que o evangelho seria pregado a
todas as nações.
O ensino que Jesus transmitiu aos discípulos após a ressurreição deve
ter sido uma novidade para eles, mas estava claramente expresso no
texto sagrado. Veja como Jesus falou: “Está escrito que o Cristo havia
de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu
nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as
nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46,47).
A ordem de fazer missões é muito clara no Novo Testamento, porém
Jesus buscou no Antigo Testamento a base para essa declaração. Se lermos
a Bíblia toda sem observar sua ênfase sobre missões, provavelmente a
estamos lendo superfi cialmente, como eu lia o Antigo Testamento, sem
notar a centralidade do plano de Deus para as nações. Agora penso de
modo diferente. Foi uma mudança de paradigma para mim!
Leiamos alguns textos que Jesus poderia ter usado para comprovar que a
tarefa de levar o evangelho a todas as criaturas, nações, línguas e
povos não era uma novidade do primeiro século. Ela começou no coração de
Deus e foi anunciada inicialmente no Antigo Testamento.
A finalidade da criação
O Antigo Testamento começa com a criação de tudo que existe. No centro de seu plano, Deus criou o homem — e todos nós — à sua imagem, por várias razões. O próprio Universo não existiu eternamente. Deus o criou com um propósito. O Universo teve início num momento da História — “no princípio” — e terminará no fi m da História, após a segunda vinda de Cristo. Por que Deus decidiu fazer tudo que fez? Os cientistas ateus pesquisam a criação. Descobrem os segredos da natureza e como funcionam os processos e leis naturais, mas lamentam não saber a razão por que existe qualquer coisa, porém nós, cristãos, sabemos os motivos de o Universo e o homem existirem. Citaremos apenas cinco deles.
O Antigo Testamento começa com a criação de tudo que existe. No centro de seu plano, Deus criou o homem — e todos nós — à sua imagem, por várias razões. O próprio Universo não existiu eternamente. Deus o criou com um propósito. O Universo teve início num momento da História — “no princípio” — e terminará no fi m da História, após a segunda vinda de Cristo. Por que Deus decidiu fazer tudo que fez? Os cientistas ateus pesquisam a criação. Descobrem os segredos da natureza e como funcionam os processos e leis naturais, mas lamentam não saber a razão por que existe qualquer coisa, porém nós, cristãos, sabemos os motivos de o Universo e o homem existirem. Citaremos apenas cinco deles.
Primeiro motivo da criação
O primeiro motivo da criação foi o desejo de Deus de ter pessoas com quem pudesse desfrutar comunhão. Deus é social. Ele ama pessoas como nós — gente. Gente que conversa com ele. Ele queria alguém com quem pudesse conversar e de quem recebesse adoração. Por isso, criou-nos à sua imagem, para ter um relacionamento amoroso conosco. Isso se encaixa estreitamente na tarefa missionária. O propósito das missões tem seu fundamento nesse desejo de Deus. Cada pessoa que se converte hoje terá comunhão com ele eternamente.
O primeiro motivo da criação foi o desejo de Deus de ter pessoas com quem pudesse desfrutar comunhão. Deus é social. Ele ama pessoas como nós — gente. Gente que conversa com ele. Ele queria alguém com quem pudesse conversar e de quem recebesse adoração. Por isso, criou-nos à sua imagem, para ter um relacionamento amoroso conosco. Isso se encaixa estreitamente na tarefa missionária. O propósito das missões tem seu fundamento nesse desejo de Deus. Cada pessoa que se converte hoje terá comunhão com ele eternamente.
Segundo motivo da Criação
Deus é um Deus feliz. Deduzimos isso de uma frase de 1Timóteo 1.11, “o evangelho da glória do Deus bendito”. A palavra “bendito” (makârios, no grego) quer dizer “feliz” (compare com as bem-aventuranças). Ele queria compartilhar sua felicidade com o ser humano. As pessoas mais felizes da terra devem ser os missionários. Com certeza, divulgar as boas novas, obedecer à última ordem de Cristo, levar pessoas a conhecê-lo e, por conseguinte, poder entrar no gozo do Senhor é um trabalho glorioso e tem relação direta com o motivo de Deus ter criado a humanidade.
Deus é um Deus feliz. Deduzimos isso de uma frase de 1Timóteo 1.11, “o evangelho da glória do Deus bendito”. A palavra “bendito” (makârios, no grego) quer dizer “feliz” (compare com as bem-aventuranças). Ele queria compartilhar sua felicidade com o ser humano. As pessoas mais felizes da terra devem ser os missionários. Com certeza, divulgar as boas novas, obedecer à última ordem de Cristo, levar pessoas a conhecê-lo e, por conseguinte, poder entrar no gozo do Senhor é um trabalho glorioso e tem relação direta com o motivo de Deus ter criado a humanidade.
Terceiro motivo da criação
Deus nos criou para mostrar seu amor. Ele já amava o Filho, e o Filho amava o Pai, mas queriam um povo para demonstrar seu amor. Ele multiplicou a população da terra para revelar seu infinito amor. Ele derramou seu amor em nosso coração para que possamos também amar aqueles que Deus ama. Se você não é missionário, no sentido mais lato da palavra, talvez o amor de Deus tenha sido sufocado em sua vida. Não entrou na sua veia nem nas suas artérias, por isso não circula em seu coração o desejo de alcançar os perdidos. Deus criou homens e mulheres para compartilhar sua felicidade e demonstrar seu amor. Devemos responder e corresponder ao seu amor com grata obediência.
Deus nos criou para mostrar seu amor. Ele já amava o Filho, e o Filho amava o Pai, mas queriam um povo para demonstrar seu amor. Ele multiplicou a população da terra para revelar seu infinito amor. Ele derramou seu amor em nosso coração para que possamos também amar aqueles que Deus ama. Se você não é missionário, no sentido mais lato da palavra, talvez o amor de Deus tenha sido sufocado em sua vida. Não entrou na sua veia nem nas suas artérias, por isso não circula em seu coração o desejo de alcançar os perdidos. Deus criou homens e mulheres para compartilhar sua felicidade e demonstrar seu amor. Devemos responder e corresponder ao seu amor com grata obediência.
Quarto motivo da criação
Deus criou o mundo para ser glorificado por meio dele. Ele criou o ser humano à sua imagem para que este pudesse glorifi cá-lo por causa de sua graça. Efésios 1.6 é uma passagem fundamental das Escrituras porque explica o motivo pelo qual Deus nos criou. Considere seriamente que, tanto a eleição antes da fundação do mundo quanto a predestinação para sermos filhos adotivos, aconteceu, segundo esse texto, “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. Não é possível negar, à luz dessa passagem, que o propósito original no plano da criação foi que pessoas inteligentes e dotadas de emoção louvassem a graça gloriosa de Deus. Esse é o principal motivo das missões. Paulo escreveu aos coríntios:
Deus criou o mundo para ser glorificado por meio dele. Ele criou o ser humano à sua imagem para que este pudesse glorifi cá-lo por causa de sua graça. Efésios 1.6 é uma passagem fundamental das Escrituras porque explica o motivo pelo qual Deus nos criou. Considere seriamente que, tanto a eleição antes da fundação do mundo quanto a predestinação para sermos filhos adotivos, aconteceu, segundo esse texto, “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. Não é possível negar, à luz dessa passagem, que o propósito original no plano da criação foi que pessoas inteligentes e dotadas de emoção louvassem a graça gloriosa de Deus. Esse é o principal motivo das missões. Paulo escreveu aos coríntios:
“Todas as coisas [os sofrimentos] existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus” (2Co 4.15).
Quinto motivo da criação
Deus criou o homem para compartilhar com ele sua santidade. “Sereis
santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). Ele não admitirá pecadores
rebeldes no lar celestial. Por isso, nos manda aumentar a santidade no
mundo e multiplicar o número de “santos” na terra. Um dos títulos do
povo de Deus é “nação santa” (Êx 19.6), confi rmando que, se Deus tem
filhos na terra inseridos em sua Igreja, eles serão marcados pela
santidade do “Pai” celestial.
O coração missionário de Deus revelado no Antigo Testamento
Examinemos alguns textos-chave da Bíblia para buscar as bases para missões e o propósito divino para a humanidade.
Examinemos alguns textos-chave da Bíblia para buscar as bases para missões e o propósito divino para a humanidade.
Gênesis 12.1-3
Esta passagem central no Antigo Testamento apresenta a chamada de Abraão, nosso pai na fé e tem importantes implicações para a obra missionária:
Esta passagem central no Antigo Testamento apresenta a chamada de Abraão, nosso pai na fé e tem importantes implicações para a obra missionária:
Disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.
Nesta passagem, que Jesus deve ter mencionado aos seus discípulos,
temos uma dupla ordem: “Sai da tua terra” e “Sê tu uma bênção”. Abraão
deveria sair para ser uma bênção e ser abençoado. Nele o mundo inteiro —
todos os lugares, tribos, povos e nações — seriam abençoados. Cremos na
Palavra de Deus e que essa promessa, ainda não concretizada
inteiramente, irá se cumprir.
Existe algo mais interessante nesse texto. Qualquer contador, ou
pessoa que trabalha com números, sabe que a soma de todas aquelas
fileiras de cifras depende dos números que estão em cima. Ele sabe que
se houver um erro em alguma dessas cifras, haverá um resultado errado na
última linha. Esse princípio da matemática pode ilustrar e explicar por
que o compromisso das igrejas com as missões é tão fraco.
O Brasil evangélico, até agora, enviou um número quase inexpressivo
de missionários. Há menos de um missionário para cada 10 mil crentes.
Estou convencido de que essa desproporção tem uma explicação razoável.
Vejamos como se aplica à tarefa missionária. Como já vimos, se
escrevemos números errados nas linhas de cima, a soma estará errada.
A passagem de Gênesis contém a promessa de que Deus há de abençoar a
Abraão. Todos querem as bênçãos de Deus. Corresponde à linha de cima o
“abençoarei”, mas se entendemos mal a linha de cima, a linha de baixo —
“Sê tu uma bênção” para todas as nações (famílias) da terra — sairá
errada. A bênção da promessa está diretamente ligada à obediência à
ordem de ser uma bênção. Não dá certo buscar a bênção sem querer ser uma
bênção.
Todas as nações receberão as bênçãos prometidas a Abraão. A Palavra de Deus não pode falhar, mas primeiro é essencial que Abraão e seus descendentes pela fé sejam uma bênção. É inútil reivindicar bênçãos se não estamos abençoando os perdidos com a oferta do evangelho.
Receber benefícios da parte de Deus corresponde à linha de cima.
Transmitir esses benefícios para os que não têm acesso à bênção
abraâmica está diretamente vinculado às bênçãos recebidas. A bênção da
salvação, a linha de cima, implica a responsabilidade de ser uma bênção,
de compartilhar essa salvação com os que não têm acesso ao evangelho.
Gênesis 50.15-21
A história de José, em Gênesis 50, revela o mesmo princípio. Seus irmãos estavam preocupados com o fato de que José, agora exaltado com plenos poderes no Egito, retribuísse o mal que sofreu.
A história de José, em Gênesis 50, revela o mesmo princípio. Seus irmãos estavam preocupados com o fato de que José, agora exaltado com plenos poderes no Egito, retribuísse o mal que sofreu.
Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de José nos perseguir e nos retribuir certamente o mal todo que lhe fi zemos. Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos fi lhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coraç;ão.Está bem claro no texto que a bênção na vida de José, depois de muitas maldições, não deveria ser limitada a ele próprio. A grande bênção que recebeu (a linha de cima) teria de implicar a bênção de sua família e muitos milhares
de vidas salvas. A revelação que José recebeu sobre os anos de prosperidade e sobre a fome no Egito mostrou que Deus tinha um propósito central para sua vida. Deus o abençoou para que ele pudesse abençoar outras pessoas. A linha de cima — os benefícios recebidos — implica a linha de baixo — a concessão de benefícios aos que não os possuem.
Deus nos revelou algo muito mais precioso, uma revelação mais
importante que a recebida por José. A questão é: por que Deus tem
abençoado a sua vida? A razão bíblica é a preservação de vidas para a
eternidade na gloriosa presença de Deus. Se nos interessamos apenas em
receber a bênção da salvação, sem passá-la adiante, estamos contrariando
o propósito de Deus. Desprezamos a prioridade divina.
Deuteronômio 4.5-8
Aqui Moisés mostra também as duas linhas, as bênçãos decorrentes de ser o povo escolhido e a responsabilidade de abençoar as nações:
Aqui Moisés mostra também as duas linhas, as bênçãos decorrentes de ser o povo escolhido e a responsabilidade de abençoar as nações:
Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?Imagine se o Brasil estivesse na posição de Israel prevista nesse momento histórico. Se as leis escritas e assinadas pelo presidente fossem leis criadas na mente de Deus e passadas diretamente aos deputados em Brasília, como o país estaria bem! Imagine se o Brasil, como o Israel antigo, em vez de pensar em problemas e dívidas internacionais, pudesse dobrar os joelhos e usufruir a bênção notável de empregos para todos, de estarem os meninos de rua recebendo o devido cuidado. Imagine a bênção de saber que os órfãos estão sendo nutridos com as verdades de Deus. Imagine um Brasil que não precisasse cuidar de suas fronteiras nem combater o tráfico de drogas. Pense em ter Deus tão próximo a proteger a nação: não seria preciso gastar dinheiro com o Exército e nem com policiais.
Leis falhas e interesseiras, feitas por homens, seriam substituídas
por leis divinas e perfeitas. Beneficiado por essas leis e pela proteção
divina nas crises, em resposta às orações do povo de Deus, o Brasil
seria um país invejável. Foram essas bênçãos, segundo o texto de
Deuteronômio, que Deus ofereceu a Israel.
Qual seria o efeito dessas bênçãos (a linha de cima) sobre os países
vizinhos? O próprio texto responde. Seria um forte efeito missionário
com seus benefícios. As nações vizinhas buscariam ao Senhor e seguiriam
suas leis (a linha de baixo). Aprenderiam a viver bem imitando o Brasil e
obedecendo às leis criadas no céu. Buscariam ao Deus único e ao seu
Reino para obter as bênçãos desfrutadas pelo Brasil.
Vejo um país que tem grande interesse em ser um país evangélico.
Existem até previsões de que em poucos anos o Brasil será do Senhor,
mesmo antes de sua vinda. Não sei se podemos realmente esperar uma
bênção tão grandiosa, mas se acontecer não será surpresa se os países
vizinhos vierem buscar a mesma bênção (a linha de baixo).
Houve uma época em que um país foi extraordinariamente abençoado.
Esse país foi fundado no século XVII. Os fundadores fugiram da
Inglaterra para estabelecer uma nação em que Deus seria honrado e
haveria liberdade de consciência. As bênçãos de Deus caíram sobre os
Estados Unidos. Houve um tempo em que as crianças podiam sair de casa
sem perigo. Não havia meninos de rua. As chaves ficavam dentro do carro,
sem que fosse preciso trancar as portas.
As casas fi cavam abertas sem muros ou sistemas de alarme. Não se
pensava em violência nem se falava em drogas. Homicídio era uma
raridade. Hoje não é mais assim. Esse país mudou, depois que abandonou a
maioria dos princípios que garantem a bênção. A preocupação com a
evangelização de todos os povos diminuiu.
Quando Jimmy Carter estava na presidência, um amigo foi convidado
para falar num congresso de missões nos Estados Unidos da América. Cerca
de 4 mil pessoas esperavam atentas a palavra do pastor Greg Livingstone
(hoje diretor de uma missão no norte da África).
Concederam-lhe um minuto para falar. Ele foi à frente e fez a
seguinte pergunta: “Quantos de vocês estão orando pela libertação dos 52
americanos sequestrados no Irã?”. Os mais velhos lembram-se da grande
preocupação causada pelo sequestro daqueles americanos. Quase todas as
mãos se levantaram no auditório, indicando a preocupação generalizada.
Em seguida, fez outra pergunta: “Quantos estão orando pela libertação de
52 milhões de iranianos das algemas de Satanás?”. Os braços foram
abaixando até não restar mais que um ou dois em toda aquela multidão.
Meu amigo sentou-se, sem utilizar todo o seu minuto, dizendo: “Percebo
que vocês são mais americanos que cristãos!”. Ficou claro que ele falava
das duas linhas.
Aqueles milhares de pessoas preocupavam-se apenas com a linha de
cima. Sabiam de quem e em que nome podiam pedir a libertação dos
sequestrados, mas não tiveram a preocupação de pedir a libertação de 52
milhões de seres humanos algemados espiritualmente.
Quero deixar assentado, primeiramente em meu coração, depois no do
leitor, que a linha de baixo depende de entendermos a razão pela qual
Deus abençoa nossa vida. Se não recebi bênção alguma, tudo bem. Se não
ganhei nada de Deus, ele não cobrará nada de mim. No entanto, se Deus
tem nos abençoado de alguma maneira especial e se ele nos tem dado
conhecimento da verdade de sua Palavra, com o resultado de que podemos
viver e morrer felizes, temos de levar a sério a linha de baixo.
Salmo 67.1,2
Mais um texto confirma a tese desta mensagem. O salmo 67 mostra as duas linhas de maneira notável. Quantos se esqueceram de orar hoje? Quantos têm coragem de admitir isso? Provavelmente, a maioria orou. E quem não pediu qualquer bênção? Sabemos que é raríssimo orar sem pedir pelo menos uma bênção.
Mais um texto confirma a tese desta mensagem. O salmo 67 mostra as duas linhas de maneira notável. Quantos se esqueceram de orar hoje? Quantos têm coragem de admitir isso? Provavelmente, a maioria orou. E quem não pediu qualquer bênção? Sabemos que é raríssimo orar sem pedir pelo menos uma bênção.
Animou-me bastante notar que em Salmos 67.1,2, Deus não condena a
prática de pedir bênçãos. Esse salmo fala de bênçãos, mas não exatamente
de prosperidade:
Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto; para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação.Meditando, perguntei para mim mesmo o que teria acontecido se a nação israelita, receptora original dessas palavras inspiradas, tivesse dado prioridade a esse texto. Como seria diferente a história da humanidade se Israel tivesse dado valor à linha de baixo e estabelecido como o mais importante alvo de sua existência abençoar a todos os árabes! O mundo tem mais de um bilhão de muçulmanos. Israel é apenas uma pequena ilha num oceano inimigo de muçulmanos.
Se, em vez de se preocupar com a própria segurança, Israel tivesse
pedido a bênção de Deus para os muçulmanos, a fim de que conhecessem os
caminhos do Senhor, como seria diferente a história atual!
Provavelmente, milhares de pessoas estariam vivas, e famílias inteiras,
ainda unidas. As torres gêmeas não teriam caído em Nova York, soterrando
quase 3 mil pessoas.
Quase todos os dias morrem vítimas do ódio em Israel. Parece que
Israel formou sua nação para buscar a própria segurança, em vez de
abençoar os povos vizinhos. Não é meu propósito lançar críticas contra
ninguém, mas esse salmo não deixa dúvidas quanto ao propósito de Deus.
Paremos um instante para refl etir. Qual é minha preocupação maior na
vida? A resposta de todos nós é a mesma. Ser abençoado por Deus. Quero
que ele abençoe minha família, os filhos, os netos, a esposa, o
trabalho, a situação financeira. É isso o que mais importa. E Deus não
despreza tais petições, porém não estaremos glorificando a Deus se
dermos prioridade à linha de cima e ignorarmos a linha de baixo.
Jesus, pouco antes de sua exaltação, declarou aos discípulos que a
bênção de os povos gentios conhecerem os caminhos do Senhor deve ser o
foco de seu ministério. Em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e até os
confins da terra, eles seriam testemunhas da graça de Deus que salva.
Quero encerrar afirmando algo sobre nossa nação. Os irmãos sabem que a
teologia predominante no Brasil é a chamada “teologia da prosperidade”. É
quase certo que o pregador que conseguir convencer brasileiros —
evangélicos, católicos, espíritas e mesmo pessoas sem religião — de que
possui poder para liberar bênçãos como saúde, emprego, salário maior e
paz na família será “bem-sucedido”. Quem promete abençoar o povo
material e socialmente está fadado ao “sucesso”. Contudo, quero
enfatizar que é uma distorção do evangelho, pois não há interesse
prioritário na linha de baixo. As promessas da antiga aliança, que
abençoaram Israel materialmente, tinham o propósito de persuadir os
povos a adorar e obedecer a Deus na totalidade de sua existência.
Quais são as promessas da nova aliança? Cristo voltará quando todas
as nações tiverem ouvido que Cristo é o único caminho para Deus. Ele é o
único Salvador. O descaso para com a obrigação missionária, em razão do
interesse voltado para esta vida, demonstra pouco compromisso com a
vida vindoura. Não se fala muito sobre o investimento no
destino final.
destino final.
A busca pelo poder do Espírito como forma de obter alívio, conforto e
bem-estar, em vez de testemunho e proclamação, está em desacordo com o
propósito central de Deus. A teologia da prosperidade destaca o ter, e
não o ser. A lei da nova aliança deve ser interna. “Esta é a aliança que
firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na
mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” ( Jr 31.33).
Não é a vontade de Deus que busquemos os benefícios do Reino de Deus sem
dar prioridade ao próprio Reino. Os benefícios ilimitados de Deus virão
no Milênio, mas poucos querem esperar um futuro distante e pouco
almejado.
O resultado dessa distorção pode ser percebido no desinteresse em
conhecer a Palavra de Deus. Há também quase nenhum interesse pela
exegese, pela hermenêutica, pelo discipulado e pelo estudo da Palavra.
Busca-se a experiência, e não o Senhor das experiências. Parece uma
diferença sutil, mas é importante. O Espírito Santo é apresentado mais
como fonte de poder que como pessoa divina que glorifica ao Senhor Jesus
( Jo 14.13). A ênfase exagerada sobre o indivíduo desvia nossa atenção
da comunhão e da responsabilidade mútua da igreja (1Pe 2.9,10).
Não é certo omitir a ênfase sobre a obrigação e destacar apenas a
motivação do amor que produz a alegria no Senhor (1Co 13.1,4,5).
É muito comum omitir-se a proclamação da teologia bíblica acerca do
sofrimento. Nesse caso, onde se encaixaria a cruz de Cristo ou as
condições do discipulado? “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz [diariamente] e siga-me” são palavras pouco
ouvidas, mas foram pronunciadas por Jesus. Buscar os dons e
manifestações do poder de Deus em benefício próprio, e não em benefício
do Corpo de Cristo é mais um desvio do propósito bíblico revelado na
Palavra. Todas essas aberrações e distorções, até o ponto em que
caracterizem a igreja brasileira, mostram preocupação com a linha de
cima, e não com a de baixo. Para o Brasil se tornar um verdadeiro
celeiro de missões, é necessário que haja uma mudança de paradigma. Como
Israel, no período do Antigo Testamento, teve a oportunidade de
influenciar o mundo ao seu redor em prol do Deus único, cumprindo suas
leis e demonstrando um amor profundo pelo Senhor, temos o desafio de
realinhar nossas prioridades. Se genuinamente nos preocuparmos com a
linha de baixo, isto é, que o evangelho seja proclamado e vivido entre
todos os povos, a bênção gloriosa cairá sobre nós. Paulo assim se refere
a esse futuro: “Para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo
presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A
ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus
[...] para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.18,19,21).
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